As políticas sociais nas moções de Seguro e de Costa
Ana Rita Ferreira, no Público: Seguro e Costa: diferenças ideológicas?
«[...]
Um dos vectores que sempre permitiu distinguir a esquerda e a direita tem que ver com as políticas sociais, uma vez que estas podem ser promotoras de mais ou menos igualdade entre os cidadãos. Nas últimas décadas, os partidos de centro-esquerda ocidentais têm oscilado entre políticas que procuram apenas um alívio da pobreza e da exclusão social, numa lógica mais caritativa, posicionando-se, por isso, mais ao centro, e outras que, além da diminuição da pobreza, visam uma redução efectiva das desigualdades socioeconómicas, mantendo-se mais fiéis à tradição do socialismo democrático e posicionando-se mais à esquerda.
Ora, quando analisamos os documentos estratégicos de Seguro e de Costa no que toca a estas áreas, o que primeiro nos salta à vista é o facto de Seguro, na sua moção, não dedicar nenhuma linha ao tema das políticas sociais. Neste documento, Seguro afirma a sua recusa em formar um governo minoritário, propõe um referendo aos militantes sobre o parceiro preferencial de coligação, insiste na necessidade de alterar a lei eleitoral, de separar a política dos negócios, de respeitar a Constituição. Por muito importantes que estes temas sejam, não podemos dizer que se identifiquem exclusivamente com o socialismo democrático: são objectivos que podem ser defendidos por outras famílias políticas (ou contrariados por políticos de quaisquer famílias políticas). Mas a verdade é que Seguro preferiu relevar estes temas na sua moção e não outros, nomeadamente relacionados com o Estado social.
[...]»