Não é bonito de assistir
Penélope, no Aspirina B: Hoje vou-me queixar à Judite
«[...] E porque tanto pretende Seguro estes debates a dois nas televisões?
A avaliar pelo seu recente comportamento em campanha, a razão é clara: para declarar aos portugueses, e agora perante o traidor, que foi vítima de uma traição e que, por isso, merece a compaixão dos votantes. Seguro deseja queixar-se do «mal» que outros lhe fizeram. Os outros. Porque a sua pessoa foi simplesmente perfeita. Vejamos: ninguém queria assumir a liderança do partido após a derrota de Sócrates, mas ele, num ato de abnegação e coragem, avançou. É ou não é verdade? É verdade que avançou, mas a dita coragem esconde uma grande mentira. Esteve matreiramente à espera que Sócrates caísse, entre silêncios significativos e dissimulações várias, ovacionou, e de pé, o discurso assassino de Cavaco Silva na tomada de posse e, na noite da derrota do PS, mal pôde esperar por que os jornalistas lhe perguntassem se se declarava candidato à liderança. Ainda o magnífico discurso de Sócrates ressoava na sala e estarrecia os incrédulos e já o homem andava numa agitação de gáudio mal contido nos elevadores do hotel Altis. Dizer agora, como diz, que deu a cara na altura mais difícil é de um descaramento digno de Passos, Relvas, Maduro e Albuquerque. Era o que ele queria há anos, esperando pela oportunidade da maneira mais cobarde possível.
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